terça-feira, 6 de março de 2012

CÂNCER

Na primeira vez que VEJA publicou uma reportagem de capa sobre o câncer, em 1973, a doença já atingia um nível de incidência preocupante para o período. Eram cerca de 200.000 casos por ano. Um ano antes, o ministro da Saúde, Mário Machado de Lemos, anunciou o Plano Nacional de Combate ao Câncer. A eficácia do plano foi prejudicada pela falta de recursos e pelo baixo nível educacional do país. O tratamento era realizado basicamente pela cirurgia ou radioterapia e o câncer no colo do útero era o tipo mais comum.

O câncer era considerado uma doença provocada principalmente pelo ambiente. Radiação, fumo, arsênico, benzina e carvão faziam parte dos elementos nocivos, bem como o bronzeamento e a ingestão de carnes e gorduras em geral. Avanços no tratamento quimioterápico trouxeram esperança de cura no começo da década de 1980, embora esse tipo de tratamento seja associado ao sofrimento vivido pelos doentes devido aos efeitos colaterais da medicação. Em 1985, o cientista americano Steven Rosenberg apresentou ao mundo a interleucina-2, uma proteína produzida pelo próprio organismo e capaz de protegê-lo contra as infecções e os tumores. A droga mostrava resultados promissores contra a doença.

Já nos anos 1990, surgiram novas melhorias principalmente na qualidade de vida dos doentes de câncer. No topo do ranking dos cânceres que mais matavam naquele tempo estavam os tumores de pulmão (associados ao consumo de cigarro) e de estômago. A prevenção passa a ser mais discutida e a ciência investe na fabricação de drogas que interrompam a angiogênese, fase em que o tumor produz seus próprios vasos sanguíneos para poder crescer. Também entra em pauta o câncer de próstata, antes cercado de medo e constrangimento, agora tratado mais abertamente pela sociedade.

No caso das mulheres, o câncer de mama é o grande vilão. Um grande aliado delas é o exame baseado na ressonância magnética, que pode detectar um tumor na mama quando ele ainda tem o tamanho de um grão de areia. Até mesmo quando há a necessidade de cirurgia, os resultados estéticos são cada vez melhores. Em 1998, Judah Folkman, médico da Universidade Harvard, anunciou os resultados de testes feitos em ratos com duas novas drogas: angiostatina e endostatina, capazes de erradicar tumores malignos sem deixar vestígios. Os testes em seres humanos começaram no mesmo ano, mas os resultados ainda eram preliminares.

O ex-governador de São Paulo, Mário Covas, e o ator Raul Cortez foram exemplos de como se tornou possível a convivência com o câncer mesmo em sua fase avançada. Os especialistas focam seus estudos em medidas que aliviam o sofrimento físico das vítimas em estágio avançado. Segundo médicos da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com câncer deve chegar a 15 milhões em 2020, mas pelo menos cinco milhões de diagnósticos podem ser evitados com mudanças no estilo de vida, principalmente no que se refere à alimentação, prática de exercícios físicos e combate ao fumo. Na opinião de alguns oncologistas, a cura definitiva e única do câncer ainda não está próxima, mas os recentes avanços permitem que seus portadores lidem com esse mal de uma maneira melhor.

Fonte: Revista Veja






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